Fazia lá um tempo que me via distante de tudo, vivendo em lugares desconhecidos, em terrenos a serem vividos. Tudo de perto parecia tão pequeno, buscava o longe. Disse que assim seria, mistura de loucura e de pura liturgia. Mas tudo que vejo são bandos, histerias coletivas, desfocadas e non-sense. Não sei o porque teimo em gostar e a buscar o incerto, o incorreto, já tournou-se até forma de expressão. Ando, nado, descalço, sinto toda a textura que água tem, ela corre, escorre, desliza por entre minhas mãos, de forma a me levar pra lugar conhecido, terrenos já vividos e sentidos.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Vidas
domingo, 23 de maio de 2010
Saravá
Toda noite perguntava-me à hora de dormir, e eu a olhava... Seus olhos mudavam e faziam-me decifrá-los. Clarão forjado para que eu pudesse sentí-la. Levavam-me sempre a algum lugar, junto ao desejo de acompanhar-te. Não deixá-la só, era a única razão de não partir, não fugir, estar sempre lá e despertar ao lado teu. Sentir seus pés ao chão, junto aos meus, frios e cheios de amor. Rezo e peço apenas para que tú não soltes minha mão. Saravá...
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Boneca
Na noite em que as horas tardaram a passar, tua palavra insistira em existir. Da coisa mais simples da manhã. Ao despertar cheio de sono, e do sono que a noite trazia. Lembro-me pouco do vasto, do gasto, do gosto do dia inteiro. Do lado de dentro vinham às palavras, sem caprichos, sem castelos. Já era cedo, esperei enquanto vinha a tarde. Ele nunca dera com seu tempo, exausto da preguiça, sempre atrasado. Perguntavam sempre "quando que tu criaste esta mania de ser?". Um dia seria deixado, esquecido, assim como boneca de Cibelle.
quarta-feira, 10 de março de 2010
Praça
Não era só a praça, era a moça de riso bobo, de voz singela e o rapaz de olhar sem jeito. Eram os pássaros que chamavam sua atenção ao som das grandes avenidas. Compondo lá uma melodia urbana. Eu a olhava como quem olha uma miragem. Não a moça, mas a praça um valhacouto sereno em meio a tanta desordem. Fechei o livro, e sem me despedir apreciei um último beijo do casal sem jeito, às 17:35 de uma longa tarde de domingo.
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Amanhã
Mas se cheio de medo o trouxesse a vida, aqui jaz meu espírito dizia ele. E se com ele viesse a dor, o amor seria apenas um sopro. Ele percebeu que na vida os personagens mudam, mas o contexto é imutável. São apenas formas que as palavras tomam. Análogas as voltas da nossa história. De mãos soltas o espírito confunde a paz. Diga o que foi... Confundido com o fim. Fim daquele sol, verão que durou um dia inteiro, numa tarde laranja, e sem aviso... Tinha certeza que cheio de amor, adormece só. Já ela sabia que um pouco do dia havia naquela noite, largou sapatos e bolsas, jogou-se dá janela e de mãos dadas não perdeu a paz. Deixou o amanhã para lá...
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