quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Espelho
Ele dizia sempre que um dia seria diferente, não existiriam mais estes corpos mal marcados, mal cuidados. Manchados pelo tempo, seriam todos um. Cheiro que não se sentia. Ele venderia sonhos, de todos, o mais bonito, cheio de sons e ventos. Esqueceriam aquelas linhas e fariam delas todas curvas bem cuidadas. E aqueles olhos não seriam apenas dor, veriam amor. Pela janela, e esperava o dia que a janela virasse espelho, e assim enxergaria tudo, de dentro para fora.
sábado, 14 de novembro de 2009
Café
Torrada com manteiga, um chazinho verde, geléia de amora, mas geléia de verdade e uns pãezinhos de alho. Tudo se completa com um daqueles jornais. Prefiro uma companhia feminina. Ela podia sentar-se à mesa e assim notaria toda aquela beleza, pegaria o jornal e não hesitaria nem mesmo uma linha, enquanto desliza seu roupão e revela seus lindos seios. Seria tudo tão efêmero. Temo abrir os olhos e notar que já não há nada, mas penso que seria tudo tão bom. Ela tentaria ler, sabendo que eu incapaz de olhar suas palavras acabaria perdido no que diria seus seios. É... Naquela manhã cheia de lirismo a capacidade de compreensão esbarra na prolixa poética daquele periódico.
sábado, 3 de outubro de 2009
Filme
Ah, se naquela noite algo bom saísse, certamente seria um filme. Daqueles que você vê e nunca esquece. Talvez eu nunca a esqueça, talvez seja mais um daqueles filmes, esses que acabo de dizer. Seria um deletério ou apenas prazer? Creio que se dor fosse, o tempo me diria. Não acredito sempre nele, mas nela sim. Naquela que penso agora, que de longe vejo e que de sono esqueço. Ela adormece e não me esquece.
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Guerra
Todos os dias lá pelas 8:00 da manhã, saio do trem com cara de quem só começa a viver lá pelas 10:00.
No corredor fecho os olhos, concentro-me naquilo que chamo de marcha, todos marchando, e mesmo que fora do compasso em alguns momentos tenho a clara sensação de estarmos todos alinhados, alinhados na vanguarda, na linha de frente de uma guerra que não fui convidado.
E quando volto lá pelas cinco da tarde, volto da guerra com cara de quem não volta de onde nunca esteve.
No corredor fecho os olhos, concentro-me naquilo que chamo de marcha, todos marchando, e mesmo que fora do compasso em alguns momentos tenho a clara sensação de estarmos todos alinhados, alinhados na vanguarda, na linha de frente de uma guerra que não fui convidado.
E quando volto lá pelas cinco da tarde, volto da guerra com cara de quem não volta de onde nunca esteve.
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Canção
Creio que o texto nada tem a ver com a canção, mas de tão bela que soa, resolvi, como se numa homenagem, usá-la de destaque. É simples e curta, mas a muito custo, hoje a mim parece menos incompleta, mas se completa fosse que graça teria? Talvez parecesse até chatice, aquela coisa de roteirista... Com começo, meio e fim. Não nasci pra escrever, ela veio até mim, não a escrita, talvez outro alguém, alguém que sem importância hoje já nem me lembro mais.
O texto não inaugura, mas rompe. Me inspira, como se no retângulo que olho agora, procurasse o fundo e achasse ali caixas e caixas de idéias...
O texto não inaugura, mas rompe. Me inspira, como se no retângulo que olho agora, procurasse o fundo e achasse ali caixas e caixas de idéias...
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